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domingo, 30 de outubro de 2011

Introdução


               Nerina sabia que não podia mais olhar para trás ou sentir qualquer arrependimento. Finalmente estava feito! O que viria pela frente como consequência desse ato não estava mais em suas mãos. Parte do seu destino até este ponto havia sido cumprido. Fora a parte mais fácil, embora repleta de sacrifícios, o maior de todos ainda estaria por vir em um futuro não muito distante mas ao mesmo tempo não tão próximo...

                Enquanto abria sua mão direita estendida ao ar na beira do penhasco mais alto, com uma brisa leve fazendo seus longos cabelos ruivos balançarem delicadamente, ela soltou seu anel prateado, o símbolo de todo o seu poder e rogou as sílfides que guardassem seu tesouro, talvez na esperança de que um dia pudesse novamente estar com ele. Contemplou  por mais alguns instantes a imensidão sem fim daquela verdejante planície e lentamente  virou-se e afastou-se da beirada do penhasco, abaixou-se e com o dedo indicador de sua mão de poder traçou no solo um pentagrama, pedindo proteção á Mãe Terra para que lhe guiasse rumo ao desconhecido. Apanhou seu pequeno cantil preso á cintura abrindo-o e derramando lentamente a água no solo andando em sentido horário, formando um círculo de proteção. Apanhou duas pedras que havia previamente deixado neste local juntamente com um punhado de gravetos secos, bateu-as estratégicamente algumas vezes provocando pequenas faíscas enquanto fazia uma antiga conjuração para criar fogo que rapidamente tomou  forma através das faíscas e criou uma pequena fogueira com labaredas que dançavam ao ritimo da brisa vinda do penhasco. Rogou as Salamandras que fossem seu escudo contra todas as adversidades que teria que enfrentar.

                Todos os Elementos haviam sido invocados! Nerina cobriu sua cabeça com o capuz de sua longa túnica vermelha, fechou os olhos, murmurou mais uma conjuração antiga cujas palavras apenas ela compreendia e desapareceu no ar, deixando apenas o círculo que havia criado e a pequena fogueira que ainda ardia e fazia com que suas labaredas dançassem no ar ao ritimo do vento em movimentos sinuosos e misteriosos em uma mágica coreografia sem fim...

                Nerina nasceu durante a Lua de Sangue e vinha de uma poderosa linhagem de Bruxas tão antigas que nomear suas predecessoras era algo impossível. Lembrava-se apenas de um nome que fora mencionado uma única vez em algum momento perdido de sua infância, Isabo. Talvez tivesse sido uma tataravó ou uma matriarca importante de família. A única conexão que existia entre esse nome e ela tinha alguma coisa relacionada com seu anel de prata, o mesmo anel que agora adormecia em algum lugar ao fundo da planície e cujo conhecimento de seu paradeiro apenas as sílfides sabiam.


Em breve a primeira parte do Capítulo I    fique de olho...

Um comentário:

  1. É uma óptima ideia, depois do jornal e ao mesmo tempo, prosseguir com uma saga deste género.
    Certamente que servirá de inspiração e fonte de conhecimento para muitos que ainda não conhecem este mundo.

    Blessed be!

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